As suspeitas sobre uma nova parceria entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) vinham sendo levantadas desde que um dos envolvidos no assassinato do delator do PCC, Vinicius Gritzbach, havia fugido de São Paulo para uma área dominada pelo CV no Rio de Janeiro no fim do não passado. A confirmação veio durante uma operação das forças de segurança fluminenses nesta semana. PCC e CV estão juntos em uma parceria comercial estratégica para a lavagem de bilhões de reais vindos do tráfico e operações ilegais. Na operação deflagrada nesta semana, a Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou que, em apenas um ano, as duas maiores organizações criminosas brasileiras lavaram R$ 6 bilhões do tráfico de drogas e armas, de roubos e outras operações ilegais.
A nova aliança está registrada em documento assinado por líderes do PCC e do CV no dia 25 de fevereiro e que já chegou a faccionados em todos os cantos do país. O comunicado diz que as duas organizações criminosas estão “refazendo uma nova aliança pelo bem comum” e destaca que “toda guerra tem início, meio e fim”. Os detalhes do caso foram divulgados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na quinta-feira (10).
“Estrategicamente CV e PCC vêm firmando parcerias estratégicas ao longo dos anos, das décadas. Em alguns períodos são completamente rivais e declaram guerra uns contra os outros, e em outros se unem em ações pontuais e por temas de consenso, mas sem um interferir nos negócios do outro”, reforça o delegado da Polícia Federal Marco Smith, que investiga organizações criminosas há pelo menos duas décadas.
Para isso, usaram um modus operandi que está ficando cada vez mais comum entre criminosos: empresas de fachada – ao menos 22 estão sob investigação há sete meses – e, mais uma vez, o uso de um banco digital fundado pelo PCC há cinco anos. As investigações também voltaram a apontar pessoas que recebiam auxílios do governo federal como operadores de empresas fantasmas com movimentações milionárias.
A operação deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, com o apoio da Polícia Civil de São Paulo, nesta quinta, foi a maior com ativos bloqueados do crime organizado na história da corporação fluminense. O secretário de Polícia Civil do estado, Felipe Curi, afirmou que a parceria é estratégica e não envolve, em nenhuma circunstância, a disputa por territórios ou nichos do mercado das drogas e armas. “O PCC não pretende atuar nas comunidades do Rio de Janeiro. A aliança é puramente estratégica, voltada para a compra de armamentos e entorpecentes”.
Dados fiscais e bancários serão cruzados, a partir do material apreendido, em nova etapa da investigação para saber quanto dos R$ 6 bilhões bloqueados pela Justiça pertence a cada organização criminosa.
Fonte: Gazeta do Povo