A demolição de mansões de luxo de cearenses, apontados como líderes da facção carioca Comando Vermelho (CV), na Rocinha, Rio de Janeiro, pode ser replicada em imóveis de criminosos no Ceará, revelou o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), o promotor de Justiça Adriano Saraiva, em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (30).
Saraiva explicou que as autoridades cearenses conseguiram autorização para demolir três imóveis de foragidos da Justiça por via administrativa, junto à Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. A demolição ocorreu na última quinta-feira (26).
"Nós conseguimos fazer o procedimento de demolição de maneira administrativa, por isso que, depois da operação do dia 30 de maio, nós conseguimos, antes de um mês, fazer o processo de demolição, com base no relatório da operação e em um procedimento da Prefeitura que identifica imóveis irregulares", detalhou o promotor de Justiça.
R$ 6 milhões era o valor estimado para os três imóveis demolidos na Rocinha. Os prédios tinham de 2 a 6 andares, com alto padrão de acabamento, incluindo piscina e área gourmet.
O promotor Adriano Saraiva acrescentou que, "nesse modelo, a gente vai também trabalhar e replicar aqui no estado do Ceará. É importante o Estado mostrar força. A gente vai tentar replicar esse mesmo modelo, de maneira célere, aqui no Estado do Ceará e tentar demolir outros imóveis lá no Rio".
Delegado descarta vazamento de informação
A operação na Rocinha, deflagrada pelas polícias do Ceará e do Rio de Janeiro nas primeiras horas de 30 de maio deste ano, visava cumprir 29 mandados de prisão contra fugitivos cearenses que estariam escondidos na Rocinha.
Entretanto, apenas um suspeito foi capturado. Centenas de criminosos fugiram por uma região de mata. Poucos dias depois, ao ser perguntado sobre vazamento de informações na operação, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que, "se houve, com certeza foi do pessoal da polícia de lá".
O diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte (DPI-Norte), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), delegado Marcos Aurélio, descartou qualquer vazamento de informações sobre a operação, na coletiva de imprensa concedida nesta segunda (30).
Não houve vazamento nenhum, zero. Foi colocado o drone cedo, e estava tudo tranquilo lá. Ele (criminoso) estava dentro de casa, estava dormindo. Prova que não houve vazamento."
Marcos Aurélio Delegado da Polícia Civil do Ceará
Aurélio detalhou que, quando o drone subiu, "só tinha uns dez elementos andando com fuzil, uma moto, o local estava um silêncio. Quando o Bope (Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro) encostou lá embaixo (do morro), para subir, foi que eles se mobilizaram, fizeram um comboio para sair e montaram aquilo ali".
A fuga dos criminosos aconteceu por volta de 4h50 da madrugada, logo após o Bope chegar à Rocinha, segundo o delegado. "Assim que chegam lá, que começam a subir, soltam fogos, avisam, eles tomam conhecimento da presença que a polícia está subindo. Então, zero possibilidade de ter tido vazamento", reforçou.
Segundo o diretor do DPI-Norte, são "40 minutos de subida, e subida ruim, com dificuldade, inclusive com barricada, com confronto, até chegar àquele local" - referindo-se à localização das mansões dos criminosos cearenses.