Número de feminicídios registrado em junho deste ano é o maior em um mês, no Ceará, desde 2018

Um feminicídio a cada três dias. O número de assassinatos de mulheres, em razão do gênero, no Ceará, em junho de 2025, foi o maior registro deste tipo de crime, em um mês, desde 2018 – quando a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) começou a contabilizar os crimes como feminicídios.

11 feminicídios foram registrados no Ceará, em junho de 2025, conforme dados coletados e divulgados pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp). Até então, o maior registro mensal deste crime, no Estado, tinha ocorrido em janeiro de 2023, com 7 feminicídios.

O número de feminicídios registrado no primeiro semestre do ano corrente também é o maior, entre todos os primeiros semestres, desde 2018: 24 crimes. O primeiro semestre de 2023 teve 23 feminicídios.

Camile, Cleia, Lorena e Rafaela foram algumas das vítimas da violência contra a mulher, em junho deste ano. Elas foram mortas por atuais ou ex-companheiros, por um vizinho e até por um filho.

Conforme as estatísticas, as vítimas de feminicídios ocorridos no último mês têm entre 18 e 51 anos, e a maioria (seis mulheres) foi assassinada no turno da madrugada (entre 0h e 5h59). Três mulheres foram mortas na noite (entre 18h e 23h59) e duas, no turno da tarde (entre 12h e 17h59).

A maioria das mulheres (seis também) foi morta com uso de armas brancas (facas ou similares). Sobral e Juazeiro do Norte foram os municípios que tiveram mais feminicídios no período – dois, cada.

Responsabilização ‘não está surtindo efeito’, afirma socióloga

A socióloga e pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança, Fernanda Naiara Lobato, analisa que “os feminicídios explodem em diferentes regiões do Ceará, não se concentram só na capital Fortaleza. Esse é um fenômeno que representa muito do que a gente já vem conversando sobre o aumento dos números de feminicídios e também a estabilização desses números. A gente vem de 2023 e 2024 com mais de 40 feminicídios por ano”.

Para a socióloga, o aumento de feminicídios representa que “o Estado não está conseguindo garantir canais de denúncia e formas de prevenção e proteção”.

A responsabilização para esse tipo de crime e de violência também não está surtindo efeito. A gente está diante de um Estado que vem apresentando um aumento no encarceramento, mas que não vem apresentando uma resposta com relação a alguns tipos de crimes, como a violência contra a mulher e os feminicídios. Então essa é uma análise importante. Na verdade, é um questionamento que as políticas públicas precisam responder.” Fernanda Naiara Lobato – Socióloga

Segundo Fernanda Naiara, o feminicídio é o resultado de “outras violências que já vêm acontecendo, de ameaças”. “É possível prevenir os feminicídios e quebrar um ciclo de violência, quando a gente tem canais de denúncia, canais de proteção e de acolhimento, junto com a responsabilização dos agressores”, acrescenta.

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