Os ataques orquestrados pela facção criminosa Sindicato do Crime no Rio Grande do Norte na madrugada e na manhã desta terça-feira (14) já eram esperados pelos policiais penais do estado. É o que afirma a presidente do sindicato que representa a categoria, Vilma Batista. De acordo com ela, o aumento de concessões aos detentos e dificuldade na fiscalização contribui para situações como essa.
Segundo Vilma Batista, os policiais penais têm percebido um comportamento diferente por parte dos detentos. Ordens que anteriormente eram seguidas, agora têm sido ignoradas. "Antes, não havia uma parede riscada nas celas, mas agora não se pode fazer mais nada", disse Vilma Batista, que alegou haver uma onda de denúncias falsas por supostos maus-tratos aos detentos e atuação de órgãos de defesa aos Direitos Humanos.
Além disso, a representante dos policiais penais também explica que está havendo facilidade para a comunicação entre os detentos e membros da facção criminosa.
"Nós sabíamos internamente, de várias ordens que estão saindo de dentro do sistema prisional, na nossa cara, porque essa televisita, à época, na pandemia fez com que eles (os detidos) tivessem contato com seus familiares, no entanto, a (televisita) foi aberta até para os amigos, a galera. Basta só ligar o computador e a galera da comunidade, da facção inclusive trocando informações. Já houve vários episódios em que os policiais penais tiveram que intervir", explicou.
Dezenove cidades do Rio Grande do Norte tiveram uma madrugada de ataques a tiros e incêndios em prédios públicos, comércios e veículos, nesta terça-feira (14). Além da capital, Natal, foram alvo de ataques as cidades de Acari, Boa Saúde, Caicó, Campo Redondo, Cerro Corá, Jaçanã, Lagoa D’anta, Lajes Pintadas, Macau, Montanhas, Mossoró, Nísia Floresta, Parnamirim, Santo Antônio, Tibau do Sul , Touros, São Miguel do Gostoso.
Entre os alvos, estão um fórum de Justiça, duas bases da PM, uma prefeitura e um banco. Carros que estavam estacionados em ruas e em garagens públicas, além de uma loja de motos, também foram atingidos. Os criminosos fugiram após o ataque. No local, a população disse os bandidos fizeram ameaças : “Se denunciar, a gente vai atrás, vai ter morte”, teriam dito, segundo os moradores.
O secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, disse que monitora os ataques e avalia a possibilidade de envio de forças federais ao estado.